sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

A jihad em Sailor Moon

[Aviso: este texto está repleto de incitação ao terrorismo para qualquer mente pequena e preconceituosa que vai largá-lo apenas pelo seu título. Para estes, é altamente recomendado que estude e deixe de acreditar em tudo que os noticiários e os pastores desonestos dizem. Para quem tem curiosidade, inteligência e busca pela razão e harmonia ao invés da ignorância e do ódio, uma boa leitura.]


O que é jihad? Palavra vinda da língua árabe que significa "lutar", "empreender", "se esforçar", jihad é um conceito nascido junto com o islamismo, sendo considerado um dos pilares da sua fé. Possui dois significados: o combate interno que o indivíduo realiza para se desenvolver espiritualmente; a luta por um mundo melhor e mais justo através dos ensinamentos dos preceitos islâmicos. O Corão ensina um desdobramento bélico deste segundo significado: a chamada "jihad da espada", devendo ser realizada em casos de provocação ou de ameaça e sendo esta uma jihad menor em comparação a mais importante jihad para os islâmicos: a jihad pacífica, a luta espiritual íntima contra o pecado e as inclinações ao mau para assim melhorar a sociedade.

Mas o que isso tem a ver com Sailor Moon? Se prestarmos atenção, tem tudo a ver. Mais precisamente no volume 9 do mangá, as guerreiras do Sistema Solar, precisam encarar de frente suas próprias fraquezas e medos. Os membros do Dead Moon Circus manipulam os sonhos das pessoas, e tentam fazer nossas garotas desistirem das lutas intermináveis para seguirem seus desejos pessoais. A Ami que quer ser médica como a mãe, a Rei que quer seguir o sacerdócio, a Makoto que quer se casar e abrir uma floricultura, a Minako que quer se tornar uma cantora famosa e a Haruka, a Michiru e a Setsuna que querem manter a família que construíram em torno da Hotaru. Estes são seus desejos, mas há também a vontade de seguir com a missão de acompanhar e proteger a Usagi em sua eterna cruzada em nome do amor e da justiça. Elas conseguem resistir às tentações e crescem em poder, crescem como pessoas e, com essa força, conseguem modificar o mundo à sua volta, provando que realmente são heroínas.

E é exatamente isso que significa "jihad". Grupos fundamentalistas deturpam essa expressão cultural tão importante para os povos árabes para conquistar adeptos para sua causa, assim como as potências ocidentais distorcem esse significado tão elevado para justificar suas intervenções sistemáticas e desumanas em nome do lucro. Aprendemos essas noções errôneas de jihad como “guerra santa” e ligada ao terrorismo e a violência nas escolas e na televisão, E assim, perpetuam-se estereótipos que estimulam a intolerância. Terrorismo não é jihad. Confrontar seus demônios para melhorar a si mesmo e ao mundo é jihad.

Por que estou dizendo tudo isso? Para convertê-los ao Islã? Vish, nada disso! Mal consigo convencer alguém a assistir algum anime que gosto, imagina converter a uma religião! Sequer muçulmano eu sou! Esta pessoinha que vos escreve foi batizada, fez primeira comunhão e hoje se identifica como agnóstica (sem religião definida, mas que vê valor e verdade em todas). Não, minha intenção com este texto é trazer um pouco de informação e cultura, relacionar debates pertinentes com essa obra que tanto amamos e realçar que cada cultura se expressa de uma forma distinta, mas o desejo pelo amor, pela felicidade, pela justiça e pelo equilíbrio está universalmente presente. Afinal, a Sailor Moon e suas amigas não lutam e se sacrificam tanto por alguns humanos ou por grupos específicos de humanos, mas por todos seres vivos, até mesmo aqueles que desperdiçam suas vidas causando dor e destilando ódio.


Beijos lunares!

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