domingo, 2 de julho de 2017

Professor Tomoe: um vilão da p****

Quando falam que grandes histórias são marcadas por grandes vilões, eu concordo plena e completamente. E isso sem dúvida se aplica a Sailor Moon. Duvido muito que a franquia seria tão amada e querida sem a presença de vilões poderosos, carismáticos e visualmente atraentes que nos fazem tremer de medo ou rir a beça. Hoje vou falar daquele que consegue ambas as coisas. Diretor de escola, cientista respeitado, pai de família... Um homem exemplar! Só que não.

https://www.youtube.com/watch?v=DJhjGs0XwyU
https://www.youtube.com/watch?v=ph2cCQp4wMQ&t=4s


Para relembrar um pouco, o Professor Tomoe é o responsável pela vinda da criatura conhecida como Pharaoh 90 para a Terra, tarefa que recebeu após um experimento dimensional que deu muito errado e matou sua esposa, quase matou a filha e tirou o seu olho e sua sanidade. Detalhes mudam quando comparamos o mangá com o anime, mas tanto em um quanto em outro Souichi Tomoe não é apenas um vilão chamativo, mas único dentre os vilões de Sailor Moon.
Todas e todos os outros vieram de outros planetas ou são de épocas muito remotas, ou seja, são figuras que pouco conhecem de fato dos seres humanos que desejam tanto destruir ou governar. Mas só o Tomoe é um ser humano de verdade, que vive na nossa época, e que tem necessidades não só de fazer coisas malvadas no trabalho, mas de descansar, comer, beber, se divertir, como todos nós, e isso rendeu situações engraçadíssimas. Apesar dessa característica o tornar bastante cômico, também o torna particularmente assustador, pois entre a criação de um monstro ou outro, existem comentários maliciosos sobre a vida, o cotidiano e as pessoas, todos com um tom sádico de brincadeira e deboche. Não satisfeito, literalmente "fez escola" ao esconder suas operações e trazer novas recrutas para sua causa através de uma conceituada escola particular de elite, um modelo de perfeição educacional que transformava seus alunos em agentes do mau (incrível como isso dialoga com a nossa realidade, não?), com ênfase nas Cinco Bruxas.

O que mais lhe confere importância na trama do Arco Infinito/Sailor Moon S, entretanto, é o fato de ser o pai da Hotaru, a futura Sailor Saturno e Enviada do Silêncio. Após o acidente em que demônios se alojaram em seus corpos, Souichi manteve sua filha viva com o único intuito de torná-la a principal serva do Pharaoh 90. E com muita sutileza, sem se mostrar um completo monstro, tornou a vida da menina um inferno. Ironicamente, acabou se tornando um dos únicos elos da Hotaru com a humanidade, uma vez que ela lembra do "paizão" com carinho (e convenhamos, comparando com outros pais dos animes, como o Tucker de Fullmetal Alchemist ou o Gendo Ikari de Evangelion, o Tomoe até que não é dos piores!).
Mesmo que, ao se transformar totalmente no monstro Germatoid, tenha sido um poderoso inimigo em termos de força, o Professor Tomoe não é nada do tipo que encara um x1 com qualquer uma das heroínas. Seu peso na história é muito mais psicológico e estratégico, o que lhe confere um ótimo diferencial dentre os principais antagonistas. Todos os clichês de cientistas malvados são elevados à máxima potência com ele, e isso não o torna genérico, ao contrário, o deixa ainda mais fascinante quando vemos a sua loucura atingir níveis extremos. Não tenho mais nada a dizer sobre esse divo, esse ser maravilhosamente terrível. Apenas sintam um pouquinho de sua vibe, na voz clássica do lendário dublador Emerson Camargo. E até a próxima!
https://www.youtube.com/watch?v=3Y706n4cLXU

domingo, 21 de maio de 2017

As roupas das Sailor Guerreiras e a importância do figurino para uma história


Pode parecer pelo título, mas esse texto não é sobre moda, pois essa não é minha especialidade. A ideia dessa postagem surgiu através de uma pergunta que fiz ao pensar com meus borbotões: por que Sailor? Por que contar essa história usando uniforme de marinheiro? A resposta que cheguei para essa pergunta foi outra pergunta (https://www.youtube.com/watch?v=rKbMhEsav50): como não contar essa história usando uniforme de marinheiro?
Antes de qualquer coisa, vale conhecer um pouco da história dos uniformes escolares do Japão. Eles foram instituídos no século XIX, no início da Era Meiji (aquela retratada em Rurouni Kenshin), com dois objetivos: fora da escola de marcar o papel de estudante dos jovens na sociedade japonesa e dentro da escola de retirar toda a condição social e econômica da vestimenta e, de certa forma, equalizar os alunos. No começo os modelos eram quase todos bastante tradicionais da cultura japonesa, mas com o passar dos anos os costumes ocidentais influenciaram cada vez mais o modo de vida nipônico, o que inclui os designs dos uniformes. Mas em 1920, uma escola feminina passou a usar uma versão própria das roupas que os trabalhadores da marinha britânica usavam na época (isso porque a Inglaterra tinha a marinha mais poderosa do mundo e porque a diretora da escola estudou na terra da rainha). O modelo hoje conhecido como sailor fuku se tornou extremamente popular e tomou conta da grande maioria dos uniformes escolares femininos das escolas japonesas.
O que tudo isso tem a ver com Sailor Moon? Oras bolas, tudo! A começar pelo seu público-alvo: jovens ginasiais. Serena e suas amigas são estudantes entre os anos que equivalem ao último do nosso ensino fundamental e os do nosso ensino médio. Até aí tudo normal. Mas quando chega a hora de assumirem as suas versões de super-heroínas, suas roupas ganham brilhos e floreios, mas permanecem uniformes de marinheiro, o “alter-ego civil” ainda está lá. Na mitologia do super herói, ela/ela precisa assumir um visual totalmente diferente do usual para ser de fato um/uma super herói/heroína, mas não é o que ocorre em Sailor Moon. Do ponto de vista prático, não é uma boa ideia para esconder a identidade, mas convenhamos, a Naoko nunca se preocupou muito com verossimilhança. Do ponto de vista temático, entretanto, a situação muda. Quando vemos as mocinhas lutando contra o mau e realizando façanhas usando uma roupa casual em sua base, vemos a autora dizendo a suas leitoras que qualquer uma delas pode ser tão poderosa, valorosa e maravilhosa quanto as personagens, independente de fatores externos, apenas do que se tem por dentro.
A mensagem estética atrelada à mensagem da obra acaba perdendo parte desse impacto quando a franquia é exportada para todos os países que não são o Japão e que não tem como uniforme o sailor fuku ou mesmo qualquer tipo de uniforme escolar. Mas não somente ela não some como encontra outras maneiras de se fazer presente. Tomemos como exemplo o Brasil. Qualquer mahou shoujo que veio antes e depois de Sailor Moon possui vestimentas absurdamente rendadas ou espalhafatosas, que são muito difíceis de reproduzir na vida real, a não ser que você seja uma pessoa com muitos recursos financeiros. Mas no caso do nosso anime do coração, as roupas, de maneira geral, são relativamente simples, o que faz com que sua reprodução seja muitíssimo mais viável e alcançável. Mesmo os cospobres não parecem tão toscos quando se trata de Sailor Moon, e isso é incrível!

A história tem tudo a ver com Moon do título, e parece em muitos momentos coisa do mundo da lua. Mas é graças ao Sailor que nós, meros terráqueos, nos sentimos tão ligados a ela.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Dia Nacional de Sailor Moon - Baile Milenio de Prata 2017




  Ola meus queridos moonies, quem vós fala dessa vez não é nosso querido criador dos ultimos textos maravilhosos que aparecerem por aqui durante os meses que se passaram, é Ana Lua: ADM da pagina Dia Nacional de Sailor Moon e uma das organizadoras junto com a criadora do Dia Moonie.

  Mas chega de enrolação, vim aqui anunciar algo que já foi falado lá no facebook, e que vai ser registrado por aqui (uma forma mais facil de encontrar tudo que você quer saber num só lugar, digasse de passgem). Nossa terceira edição do dia moonie em um local fechado (clamp, clamp, clamp). Dessa vez ao invez de ser em um local aberto como os parques das ultimas edições vamos para a Associação Iwate Kenjinkai do Brasil, um espaço bem agradavel, com ar condicionado para os que vão com cosplays pasados não sofrerem tanto assim com o calor. O endereço se encontra na imagem assima, mas se você não deu uma olhada nela e não tem como ver ela agora vou passar já, já, é Rua Thomaz Gonzaga, 65 - Liberdade, SP - 01506-020.

COMO CHEGAR AO EVENTO!
Metrô:
- Desça na Estação Liberdade.
- Siga na direção do Sogo Plaza na Rua Galvão Bueno.
- Atravesse a ponte em direção ao Hospital Bandeirantes.
- Vire à direita na Rua Thomaz Gonzaga
- Suba em direção à Avenida Liberdade.
- O prédio é ao lado da Haikai, em frente ao restaurante Kazu.
R. Thomaz Gonzaga, 95 - Liberdade, São Paulo

Para quem vai de ônibus, tem um à partir do Butantã 715M-10 Largo da Pólvora. É só pedir para descer na FMU. Passando o Burger King, vira à direita e desce até o número 95.
Para quem vai de carro, o estacionamento do prédio é à parte, custando R$ 25,00 por 12 horas. Tem um próximo ao Hospital Bandeirantes que custa R$ 15,00 por 12 horas.
Qualquer dúvida, estamos à disposição ;)

Temos o Prazer de apresentar (TAN, TAN, TANNNNN) as nossas atrações:

   




E as stands que farão presença no nosso evento:




  Dia 30/04 será mais do que aguardado. A sua presença nesse dia vai ser um presente enorme para nós, venha dividir conosco esse dia especial, de mais um ano de lançamento de Sailor Moon no Brasil.

Dia Nacional de Sailor Moon

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Música, maestro!



Não sou desses que gosta de comparar o anime clássico com o Crystal. Cada um foi produzido e exibido em contextos completamente diferente e ambos tem suas qualidades e seus defeitos. Mas tem uma coisa que, para mim e para muitos outros fãs, faz uma tremenda falta em Crystal: a identidade musical que o anime clássico possui. E é em homenagem a Takanori Arisawa, o homem por trás da inesquecível trilha sonora das cinco temporadas de Sailor Moon, que este texto foi escrito.

Pela dificuldade em encontrar fotos e informações sobre sua vida, podemos supor que era uma pessoa bem discreta. Nascido em 2 de abril de 1951, na cidade de Tóquio, Takanori Arisawa era praticamente uma criança autodidata, tendo na infância já desenvolvido seu interesse por música. Entretanto, foi só aos 20 anos que aprendeu a tocar piano, e aos 22 anos que ingressou em uma escola formal de música, a Senzoku Gakuen, na província de Kanagawa, onde se formou em composição e regência de orquestra, embora também tenha estudado jazz e pop. Ao longo de sua carreira, Arisawa compôs para diversos comerciais e novelas (e também para a versão japonesa de Vila Sésamo!) e gravou alguns CDs, mas a fama o alcançou com a criação de toda a trilha sonora de Sailor Moon e, posteriormente, das primeiras quatro temporadas de Digimon, tendo se dedicado exclusivamente desde os anos 90 a compor para animes. Para a nossa grande infelicidade, ele faleceu em 26 de novembro de 2005 aos 54 anos (pô, em um país com a longevidade que tem a população do Japão, é praticamente um garoto!), em decorrência de um câncer na bexiga. Meses antes, uma das faixas de Sailor Moon foi usada no filme Guerra dos Mundos, de Steven Spielberg.

A trilha sonora de Sailor Moon recebeu influências de vários gêneros musicais (tem jazz, blues, tango, tecno, rock...), e nenhum deles foi inserido à toa. Dá para notar que na primeira temporada predomina o pop, e gradativamente vemos a presença da música clássica crescer. Isso quer dizer que a trilha musical acompanhou o crescimento e o amadurecimento das cinco protagonistas. O maior mérito de Arisawa foi o de encarar a série não como "isso é mahou shoujo e vou fazer trilha de mahou shoujo" (um mau que assola grande parte das trilhas sonoras atuais e que, lamentavelmente, assola Crystal, cujo compositor simplesmente reeditou as trilhas que compôs para Precure). Não, percebe-se pelo carinho e pela personalidade que cada faixa carrega que ele pensou mais ou menos isso: "é uma história de garotas lidando com suas escolhas e desafios, tem no meio um tanto de romance, um bocado de ação, uns malvadões bem sinistros, uns dramas aqui, umas palhaçadas ali, e é com esse caldeirão que vou trabalhar". Em outras palavras: tratou a série como uma obra, não como um produto.

O mesmo pode ser dito de Digimon, aonde podemos notar uma ou duas faixas de Sailor Moon reutilizadas. Longe de cair em um típico som virtual que poderia até combinar com a temática, Arisawa captou toda a emoção e as sutilezas presentes no anime, o que resultou em mais um trabalho marcante e lembrado com saudosismo pelos fãs. E neste trabalho, descobrimos também que, além de compositor genial, era um homem humilde, pois ao perceber que as suas próprias músicas não dariam a carga dramática exigida pelas cenas, optou por utilizar músicas clássicas mundialmente conhecidas. Assim, temos quase dois episódios inteiros de Digimon Adventure onde toca ininterruptamente o Bolero de Ravel (pra quem não ouviu, segue o link:  https://www.youtube.com/watch?v=r30D3SW4OVw). Embora a primeira temporada seja a mais amada, é na quarta onde há as faixas mais belas compostas para a franquia (como essas duas: https://www.youtube.com/watch?v=62vBo2xz0z0 e https://www.youtube.com/watch?v=-YsBxXq-m7E).

Duas coisas são fundamentais para separar as boas trilhas sonoras das ruins. A primeira: enquanto você está acompanhando a série, o filme, o jogo ou o que quer que seja, não se nota a presença da música por ela estar perfeitamente casada com as imagens em tela. A segunda: assim que você para de acompanhar o áudio-visual, você cantarola a maior parte das músicas, intencionalmente ou não. E nesses dois pontos, Takanori Arisawa está de parabéns. É quase impossível não relacionar, por exemplo, o Tuxedo Mask com https://www.youtube.com/watch?v=u70c1e4mr4g, as Sailor Urano e Netuno com https://www.youtube.com/watch?v=9krXkdZWNZw, as Starlight com https://www.youtube.com/watch?v=6yln-GcZOVs  ou o grito "PELO PODER DO PRISMA LUNAR!" com https://www.youtube.com/watch?v=L1xAPQgGZ0U. E como não tremer de medo ao ouvir ou lembrar dessa música https://www.youtube.com/watch?v=djGhBrjJyKA? Como não sentir uma nostalgia melancólica ao ressoar na cabeça essa melodia https://www.youtube.com/watch?v=NIqgEg-ZaU4? Como não sentir que há um plano "malégno" sendo posto em prática quando começa esse som https://www.youtube.com/watch?v=VN1C3SHR1Dg? E como, me digam como não se encher de coragem e determinação pra realizar suas tarefas e lutar pelo que acredita ao menor tocar de https://www.youtube.com/watch?v=F4nzpsNU5wg???

Digo com toda certeza que as músicas de fundo foi determinante para que Sailor Moon virasse o sucesso que é hoje. E ao mestre Arisawa nós agradecemos pelo seu talento e sua sensibilidade. Onde quer que esteja, o brilho de sua semente estelar jamais apagará.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

A jihad em Sailor Moon

[Aviso: este texto está repleto de incitação ao terrorismo para qualquer mente pequena e preconceituosa que vai largá-lo apenas pelo seu título. Para estes, é altamente recomendado que estude e deixe de acreditar em tudo que os noticiários e os pastores desonestos dizem. Para quem tem curiosidade, inteligência e busca pela razão e harmonia ao invés da ignorância e do ódio, uma boa leitura.]


O que é jihad? Palavra vinda da língua árabe que significa "lutar", "empreender", "se esforçar", jihad é um conceito nascido junto com o islamismo, sendo considerado um dos pilares da sua fé. Possui dois significados: o combate interno que o indivíduo realiza para se desenvolver espiritualmente; a luta por um mundo melhor e mais justo através dos ensinamentos dos preceitos islâmicos. O Corão ensina um desdobramento bélico deste segundo significado: a chamada "jihad da espada", devendo ser realizada em casos de provocação ou de ameaça e sendo esta uma jihad menor em comparação a mais importante jihad para os islâmicos: a jihad pacífica, a luta espiritual íntima contra o pecado e as inclinações ao mau para assim melhorar a sociedade.

Mas o que isso tem a ver com Sailor Moon? Se prestarmos atenção, tem tudo a ver. Mais precisamente no volume 9 do mangá, as guerreiras do Sistema Solar, precisam encarar de frente suas próprias fraquezas e medos. Os membros do Dead Moon Circus manipulam os sonhos das pessoas, e tentam fazer nossas garotas desistirem das lutas intermináveis para seguirem seus desejos pessoais. A Ami que quer ser médica como a mãe, a Rei que quer seguir o sacerdócio, a Makoto que quer se casar e abrir uma floricultura, a Minako que quer se tornar uma cantora famosa e a Haruka, a Michiru e a Setsuna que querem manter a família que construíram em torno da Hotaru. Estes são seus desejos, mas há também a vontade de seguir com a missão de acompanhar e proteger a Usagi em sua eterna cruzada em nome do amor e da justiça. Elas conseguem resistir às tentações e crescem em poder, crescem como pessoas e, com essa força, conseguem modificar o mundo à sua volta, provando que realmente são heroínas.

E é exatamente isso que significa "jihad". Grupos fundamentalistas deturpam essa expressão cultural tão importante para os povos árabes para conquistar adeptos para sua causa, assim como as potências ocidentais distorcem esse significado tão elevado para justificar suas intervenções sistemáticas e desumanas em nome do lucro. Aprendemos essas noções errôneas de jihad como “guerra santa” e ligada ao terrorismo e a violência nas escolas e na televisão, E assim, perpetuam-se estereótipos que estimulam a intolerância. Terrorismo não é jihad. Confrontar seus demônios para melhorar a si mesmo e ao mundo é jihad.

Por que estou dizendo tudo isso? Para convertê-los ao Islã? Vish, nada disso! Mal consigo convencer alguém a assistir algum anime que gosto, imagina converter a uma religião! Sequer muçulmano eu sou! Esta pessoinha que vos escreve foi batizada, fez primeira comunhão e hoje se identifica como agnóstica (sem religião definida, mas que vê valor e verdade em todas). Não, minha intenção com este texto é trazer um pouco de informação e cultura, relacionar debates pertinentes com essa obra que tanto amamos e realçar que cada cultura se expressa de uma forma distinta, mas o desejo pelo amor, pela felicidade, pela justiça e pelo equilíbrio está universalmente presente. Afinal, a Sailor Moon e suas amigas não lutam e se sacrificam tanto por alguns humanos ou por grupos específicos de humanos, mas por todos seres vivos, até mesmo aqueles que desperdiçam suas vidas causando dor e destilando ódio.


Beijos lunares!

sábado, 14 de janeiro de 2017

Pretty Guardian Sailor... Venus???

A proposta desse texto é fazer o que os fãs de qualquer obra fictícia mais gostam de fazer: teorizar. E o assunto da pirada de cabeção a seguir é essa curiosa imagem. Trata-se de um esboço da nossa querida Naoko Takeuchi publicado em junho de 1991 na Kodansha, revista que dois meses mais tarde começaria a publicar Codiname Sailor V, que nós brasileiros pudemos conhecer oficialmente somente em 2015 (esse atraso da vinda dos mangás para cá fica para outro texto). Neste esboço, a autora descreve o grupo que viria a compor o time de Pretty Guardian Sailor Moon. Não seria nada de mais, a não ser pelas imensas diferenças em comparação com o que de fato viu a luz do dia (ou da lua, neste caso).

Começando pelo básico: não existiria Usagi! A protagonista seria a Minako, assim como foi em Codiname. A princípio, poderíamos até deduzir que pouca coisa mudaria, considerando as muitas semelhanças que as duas loirinhas possuem entre si. Mas a falta da Usagi mudaria sim algo fundamental: a relação com as lendas do Coelho da Lua e da Princesa Kaguya, inspirações diretas para a história de Sailor Moon, estariam fora do jogo! E sem a representante da Lua, nada do representante do Sol Mamoru Chiba, o charmoso Tuxedo Mask. Ao contrário da Usagi, a Minako não tinha uma alma gêmea (não conta aquele cara na Inglaterra que apareceu em flashbacks no anime clássico, pois é filler); ela vivia caçando rapazes. O enredo poderia seguir eternamente com a Mina pegadora ou introduzir um grande amor para ela, mas dificilmente seria algo de tanto peso para a mitologia da série como é o casal Usagi e Mamoru.

Na imagem também vemos a já conhecida Hikaru de Codename Sailor V, que simplesmente assumiria o papel de seu "clone" Ami. Vemos também a Rei com a mesma aparência e jeitinho de sempre, só que com nome diferente. Tanto a Sailor Mercúrio quanto a Sailor Marte permaneceram intactas, então nem tem o que imaginar em relação a elas. Agora, a Mako...

Nada da Makoto fofa, jardineira e cozinheira. Aqui ela se chama Mamoru (vou continuar chamando de Mako pra não gerar confusão) Chino, e além de fumar, seria uma bad girl de gangues e provavelmente falaria muita besteira, algo que me lembrou o Yusuke Urameshi de Yu Yu Hakusho. Nesta versão alternativa, o lado porradeiro e brigão da Sailor Júpiter teria mais destaque, e o fato de seu planeta protetor ser Júpiter faria mais sentido. O planeta, tendo uma forte gravidade, atrai a maioria dos asteroides que passam pelo sistema solar interior, protegendo assim os planetas Mercúrio, Vênus, Marte e a nossa Terra. "Mamoru" em japonês significa "proteger, então o nome realmente seria mais adequado à Sailor Júpiter do que ao Tuxedo Mask, que sempre foi o "donzelo em perigo". Ver a Mako desse jeito me pareceu muito empolgante no começo, mas depois fui lembrando da razão pela qual a personagem é tão interessante: embora ela seja muito maior, mais forte e marrenta do que outras meninas da sua idade, ela tem um lado meigo que revela para quem a respeita e a trata como amiga (no caso, Usagi e suas companheiras). Uma personagem multifacetada que provavelmente teria uma só faceta. Ou não, pois voltando a comparar com o Yusuke, ele provou ser muito mais do que um rebelde sem causa ao longo da trama, e talvez algo semelhante pudesse ocorrer com a Mako. Apesar de que o Yusuke era protagonista em sua história e a Mako não. Aí complica...

Sem a Usagi e com a Mina na liderança, resta uma quinta guerreira para completar o time. E para preencher essa lacuna temos Artemis. Não o gato, mas uma deusa! Sim, a própria deusa Artemis lutando e convivendo com as outras como parte da equipe de protetoras da Terra! Como, na mitologia grega, Artemis é relacionada à Lua, muito provavelmente ela seria a "Sailor Moon", mas agora o elemento lua seria um mero coadjuvante. Por ela ser praticamente uma alienígena, a trama poderia variar entre o lado trágico e cômico da coisa. Como assim? Haveriam muitas cenas divertidas das garotas tentando ajudá-la a se adaptar à vida em Tóquio, mas a sua função principal na história seria o de fazer o elo com toda a parte espacial e mística. Do grupo, talvez fosse a mais melancólica.

Na imagem não tem nenhum gato falante e o Amano, o "irmão gêmeo" do Umino que já aparece em Codiname, tem certo destaque, o que sugere uma participação maior do que a que o Umino teve em Sailor Moon. Seria um assistente técnico para equipe? Apenas o bom e velho alívio cômico? Um possível par romântico para a Hikaru? Isso pouco importa. O que importa é que, com tantas mudanças no time, a história seria totalmente diferente do que conhecemos.

Com a ausência do Mamoru, os seus generais também não existiriam. Com o romance fora do mote principal, a tragédia da Princesa Serenity não existiria. Do arco Dark Kingdom, poderíamos esperar somente a existência do Milênio de Prata e da sua guerra contra o Negaverso, mas de uma forma que não envolveria o triângulo amoroso Serenity-Endimion-Beryl. E se o primeiro arco teria diferenças drásticas, os seguintes (claro, considerando que essa versão fizesse sucesso que justificasse arcos seguintes) seriam outros por completo. O Cristal de Prata e a figura da Rainha Serenity moldaram as tramas dos arcos seguintes (não com tanta força no arco Infinity). Por que haveria Black Moon, Dead Moon Circus e Shadow Galactica sem eles? E mais: sem Usagi e Mamoru, nada de Chibiusa para voltar no tempo e se relacionar com a sailor da destruição Hotaru.

Para finalizar esse texto que já está muito viajandão pro meu gosto, podemos imaginar que esse "Pretty Guardian Sailor Venus" teria menos elementos de romance e drama e mais elementos de comédia e ação, pois a Minako, embora seja tão destrambelhada quanto a Usagi, acaba sendo muito mais engraçada por não cair na eterna melosidade e sofrência da Usagi, além de ter se mostrado muito mais eficiente como guerreira e capitã. Talvez não tivesse a profundidade e densidade que Sailor Moon alcançou em certos momentos, mas teria outros elementos que poderiam também fazer sucesso e render continuações do arco Dark Kingdom (este, em ambas as versões, seria inevitável). E puxa vida! Uma versão que não tivesse a chatice sem fim que é a Chibiusa me faria implorar para a Sailor Plutão alterar a do tempo!

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